Diariamente, convivo com as incertezas e os receios dos meus clientes em busca de serem pessoas diferentes, na luta por carreiras com satisfação e força, na compreensão de seus relacionamentos mornos ou desgastados, de suas rotinas amargas ou incompletas. Sempre pensando que gostariam que a realidade fosse diferente.

Seja na vida pessoal ou profissional, quando olhamos para o nosso íntimo e  identificamos algo que poderia ser melhorado, que gostaríamos de mudar e que, às vezes, até sabemos como, mas não nos sentimos preparados para tal reformulação ou atitude inovadora, assumimos um comportamento de viver aquela insatisfação sonhando alto e nos comportando de maneira nada adequada ao objetivo. Mudanças são difíceis, nos tiram da zona de conforto, mas é fora desse espaço que as coisas incríveis acontecem.

Existem casos nos quais pequenos passos são dados na direção dessa busca, mas são interrompidos em algum estágio, por razões diversas que criamos para nós mesmos, acreditando que não seria possível e acabamos por permanecer como estávamos. 

Os que conseguem passar dessa etapa, alcançam um degrau de credibilidade em si mesmos, ou seja, a certeza de que estão fazendo a sua parte e que seus resultados encontrados no caminho os deixam ainda mais fortalecidos e satisfeitos. Talvez esse já seja o primeiro sinal da felicidade, afinal, esta condição de ser feliz é um processo contínuo, uma construção e não um troféu.

Ser feliz exige ter coragem! Sim, isso mesmo, precisamos ser corajosos para assumir nossos desejos e lutar por eles diariamente. Já dizia o ditado, “se quer resultados diferentes, tenha atitudes diferentes”, não adianta continuar sendo e agindo da mesma maneira e esperar que o mundo te beneficie com  respostas inovadoras.

Viemos ao mundo para construir a nossa felicidade e ele conspira a favor de quem se movimenta em direção aos seus sonhos, a sua felicidade. Não perca  tempo no conforto de sua insatisfação, você pode muito mais!

Esta semana, me sensibilizei com a luta bem sucedida de alguns clientes e, lendo a respeito do tema, encontrei um texto fantástico, da escritora Martha Medeiros (que eu simplesmente adoro), falando exatamente o que eu gostaria de transmitir. Então, resolvi compartilhar com vocês a mensagem e espero que a leitura toque vocês da mesma maneira que me sensibilizou.

“CORAGEM 

A pior coisa do mundo é a pessoa não ter coragem na vida.” Pincei essa frase do relato de uma moça chamada Florescelia, nascida no Ceará e que passou (e vem passando) poucas e boas: a morte da mãe quando tinha dois anos, uma madrasta cruel, uma gravidez prematura, a perda do único homem que amou, uma vida sem porto fixo, sem emprego fixo, mas sonhos diversos, que lhe servem de sustentação.

Ela segue em frente porque tem o combustível que necessitamos para trilhar o longo caminho desde o nascimento até a morte. Coragem.

Quando eu era pequena, achava que coragem era o sentimento que designava o ímpeto de fazer coisas perigosas, e por perigoso eu entendia, por exemplo, andar de tobogã, aquela rampa alta e ondulada em que a gente descia sentada sobre um saco de algodão ou coisa parecida.

Por volta dos nove anos, decidi descer o tobogã, mas na hora H, amarelei. Faltou coragem. Assim como faltou também no dia em que meus pais resolveram ir até a Ilha dos Lobos, em Torres, num barco de pescador. No momento de subir no barco, desisti. Foram meu pai, minha mãe, meu irmão, e eu retornei sozinha, caminhando pela praia, até a casa da vó.

Muita coragem me faltou na infância: até para colar durante as provas eu ficava nervosa. Mentir para pai e mãe, nem pensar. Ir de bicicleta até ruas muito distantes de casa, não me atrevia. Travada desse jeito, desconfiava que meu futuro seria bem diferente do das minhas amigas.

Até que cresci e segui medrosa para andar de helicóptero, escalar vulcões, descer corredeiras d’água. No entanto, aos poucos fui descobrindo que mais importante do que ter coragem para aventuras de fim de semana, era ter coragem para aventuras mais definitivas, como a de mudar o rumo da minha vida se preciso fosse. Enfrentar helicópteros, vulcões, corredeiras e tobogãs exige apenas que tenhamos um bom relacionamento com a adrenalina.

Coragem, mesmo, é preciso para terminar um relacionamento, trocar de profissão, abandonar um país que não atende nossos anseios, dizer não para propostas lucrativas porém vampirescas, optar por um caminho diferente do da boiada, confiar mais na intuição do que em estatísticas, arriscar-se a decepções para conhecer o que existe do outro lado da vida convencional. E, principalmente, coragem para enfrentar a própria solidão e descobrir o quanto ela fortalece o ser humano.

Não subi no barco quando criança – e não gosto de barcos até hoje. Vi minha família sair em expedição pelo mar e voltei sozinha pela praia, uma criança ainda, caminhando em meio ao povo, acreditando que era medrosa. Mas o que parecia medo era a coragem me dando as boas-vindas, me acompanhando naquele recuo solitário, quando aprendi que toda escolha requer ousadia.

Coragem! 🙂