Todos nós temos muitos objetivos, desejos, vontades. O ser humano está sempre em busca do que lhe faz falta, seja um corpo perfeito, o casamento ideal, a carreira dos sonhos ou, até mesmo, apenas ser um alguém diferente. São desejos que deveriam ser estimulantes, mas até onde eles tomam conta de você? Muitas vezes, vivemos apenas da falta deles, o que nos faz seres incompletos, mas isso é bom?


Desejos são saudáveis quando impulsionam, mas, se a ausência do que buscamos se torna obcecada, ela ocupa um espaço em nós, como um membro ou um órgão, composto de um vazio sufocante que nos impede de andar. A angústia do vácuo começa a tomar proporções que nos transformam.


As pessoas passam a se definir pelo que não têm e não pelo que são, sempre olhando o “copo meio vazio”. Afinal é um desejo ou uma necessidade? Dessa forma, acabam se perdendo nelas mesmas, na ansiedade louca de preencher o vácuo que, na realidade, nunca existiu. Cegos pela falsa necessidade de algo para serem felizes, passam a viver a incompletude dolorosa e amarga.

Os sentimentos e as emoções são transformadoras: a gratidão e o amor podem construir vidas e, por outro lado, o medo e frustração são destruidores, geram a dependência.


A dependência, em qualquer espécie, é um vício que te domina, controla seus sentidos e pensamentos. Ela é capaz de paralisar, amortecer e te cegar para os verdadeiros prazeres da vida.
Afinal, o que te compõe hoje e é verdadeiramente seu? Que emoções te acompanham diariamente? O que compõe o seu “copo”?

Essa é a parte que te fortalece, é ela que te faz completo. Esse é você e, certamente, você não está pela metade. Partindo dele, o crescimento se faz com saúde, as conquistas são reais, o ser “alguém novo” é parte do que já existe e a mudança se faz concreta.


O autoconhecimento, o amor próprio e a gratidão pelo que é verdadeiramente seu te tornam completo. Quando você passa a se olhar com a intenção de se conhecer, passa a identificar grandes qualidades e conquistas, percebe que tem tudo o que precisa para alcançar seus objetivos, identifica que a ausência só existia em nossos pensamentos e nos impedia de ver a beleza do real. Desejar é humano e é saudável, te movimenta em direção à riqueza da vida, isso se você exercer o controle sobre ele, não gerando a dependência afetiva. O desejo impulsiona, mas não completa.

Antes de pensar em buscar algo, precisamos estar preparados para vivê-los. O quanto você se conhece e se vê como um ser inteiro e com potencial para definir exatamente quem é e em que lugar gostaria de chegar?

O autoconhecimento nos torna únicos e sólidos, ele nos possibilita escolhas mais assertivas e, naturalmente, a sensação de completude por si só nos direciona no sentido da conquista com a energia da vitalidade. É necessário estar preparado até para conquistar nossos desejos.


Você costuma fazer uma autoanálise com frequência?


Se precisasse se autoavaliar quanto ao “se conhecer a fundo”, seus desejos, limites e sentimentos, qual nota se daria?
Seja honesto consigo mesmo, você saberia falar em detalhes sobre cada um destes aspectos?
Pois é, em geral, nós nos ancoramos em certas particularidades, deixando perdidas as outras de igual importância. O ser humano tende, por natureza, a priorizar o que tem valor e isso não é um problema, a dificuldade real é o abandono dos outros aspectos que também falam de nós, também nos movem, mas não são verdadeiramente conhecidos, pois isso nos tira o controle sobre nós mesmos.


Existem duas razões muito comuns para essa seleção em si:
1- Autovalorização cega: o comportamento de nos fixarmos ao que conhecemos bem, por receio de entrar em contato com nosso lado oculto, medo de encontrar algo perverso ou deficiente em nós mesmos. Nesta situação, escolhemos valorizar excessivamente algo positivo em nós e fugir do que, talvez, nem exista, mas a dúvida nos mantêm no escuro e ansiosos pelo desconhecido;


2- Autodestruição sem controle: A insegurança por algo que consideramos negativo em nós mesmos, faz com que direcionemos toda a nossa energia e atenção para esse ponto. Acabamos angustiados e cegos para outros aspectos, muitos deles interessantes e positivos, e nos tornamos amargurados pela própria existência.


Em ambos os casos, nos prendemos a algo e abandonamos o restante. Muitas vezes, o julgamento, seja dos outros ou de nós mesmos, nos leva a esse estado de isolamento interno por medo da desaprovação.


A questão é que não estamos falando de julgar ou de criticar, mas sim de se autoconhecer. É necessário estudar e experienciar a si mesmo de maneira abrangente, entender seus limites, trabalhar seus medos e receios, familiarizar-se com seus sentimentos e desejos. Quando passamos a ter uma compreensão generalista de quem somos, sabemos onde podemos chegar.


Nos dias atuais, saber falar de si mesmo é uma grande competência e diferenciada nas grandes corporações. Ela nos ajuda nas decisões, nos posicionamentos, na comunicação, na carreira e nos relacionamentos afetivos, pois conseguimos definir a base e o ápice de nós mesmo e, consequentemente, passamos a compreender e a respeitar os outros e as suas particularidades. Além disso, também nos permitimos identificar e trabalhar com liberdade e criatividade.