“Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia mas posso ser solidão, tranquilidade e inconstância, pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono. Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer”.
Ninguém melhor do que Clarice Lispector para iniciar com perfeição nosso tema de hoje. O que te move a abrir os olhos todas as manhãs? O que te desperta ou te derruba?
O seu olhar para a vida e as suas lutas diárias podem nos dizer melhor como funciona o vínculo que te liga às pessoas, aos seus objetivos, ao seu trabalho, entre tantas outras áreas que te acompanham ao longo da vida.
A palavra apego nos apresenta diversos significados. É uma palavra de bonitos sinônimos, também entendida como sentimento, vínculo, dedicação e desejo. Mas, a mesma palavra também pode ser considerada símbolo de compulsão, cegueira, cólera e consternação.
Pois é, são todas esses últimos sentimentos que têm o poder de nos assustar. O que nos faz usar a palavra “apego” em suas versões doces ou amargas, delicadas ou perigosas é a sua intensidade. Como tudo na vida, algo que está em excesso se torna um problema, com o apego não seria diferente.
Quando exagerado, te torna refém de si mesmo. O desejo precisa ficar no campo do objetivo, do sentir, do mover e não do necessitar.
No momento em que você passa a olhar ao seu redor e sente que não consegue viver a vida ou ser feliz sem a pessoa amada, sem a promoção buscada, sem o carro novo ou sem aquele simples celular, é aí que você foi capturado pelo apego exagerado e cego, aquele que te impede de ver o brilho que está a sua volta. Não deixe que isso aconteça. Existem tantas coisas bonitas para se ver nesse mundão, não fique preso e isolado na falta.
A intensidade do vínculo só pode ser considerada saudável se for possível alcançar o desapego com a mesma força utilizada para se apegar. Porque o amor próprio deve estar acima de tudo.
É necessário aprender a colocar limites no que te destrói. Então, se algo te cega, te gera sofrimento intenso ou necessidade, é preciso livrar-se desse sentimento.
Construa o positivo e recupere a beleza de ver o mundo apenas com a independência afetiva de seus desejos. Rompa as amarras da necessidade emocional, liberte-se e viva intensamente o que a realidade e as oportunidades, até então desconhecidas, podem te proporcionar.
Pare de depositar a sua felicidade no externo, pois ela vem de dentro. Quando descobrir a raiz da felicidade em seu próprio coração, você será capaz de muito mais por apenas desejar seus objetivos com leveza, sem transformá-los em âncoras. E tenha a certeza, com gentileza, o mundão, mencionado ali em cima, vai te retribuir. Afinal, ele conspira a favor do que você sente. Então, que seus sonhos e desejos sejam doces, lindos, leves e motivadores.